Coimbra é uma cidade construída ao longo de vários séculos. O curso do Mondego na parte baixa, ruas estreitas de paralelepípedos com prédios frágeis no centro histórico e uma gastronomia de outro campeonato.
Poderíamos perfeitamente estar a falar do Porto ou de Lisboa. Mas não, desta vez descobrimos uma jóia que nem todos os turistas conhecem, Coimbra.
Quando se fala nisso, o imaginário coletivo liga-o imediatamente à sua distinta Universidade e àquele curioso parque infantil chamado Portugal dos Pequenitos. É bom viajar apenas com estas duas referências, pois assim Coimbra não desiludirá. Mas claro que a cidade tem muito mais para oferecer e para visitar.
Dá para fazer uma lista de coisas para ver em Coimbra, mas há outras sensações, cheiros e sabores que é impossível classificar e explicar em palavras. Porque Coimbra está ao descer a Rua Ferreira Borges e encontrar uma tuna académico a mostrar o seu espectáculo musical com malabarismos impossíveis. A alma de Coimbra está também na inspiração dos aromas de primavera ou outono de um extraordinário Parque Botânico que nem todos conhecem.
Coimbra respira juventude nas proximidades da Universidade, a qual é Património da Humanidade e surpreende com a sua Biblioteca Joanina. Mas é também caminhar ao longo do rio Mondego ao pôr-do-sol e contemplar como os últimos raios de sol mudam as cores da silhueta da cidade, como se fossem filtros do Instagram.
É muito bom saber o que ver em Coimbra, mas é muito melhor sentir a cidade por dentro. É uma cidade pequena, não muito difícil de percorrer a pé e acolhedora. Vimos isso apenas em dia e meio, um fim de semana que completamos com uma visita à espetacular Mata Nacional do Buçaco. Dois dias em que desfrutámos também o prazer de comer em Coimbra a preços muito competitivos e com aquele toque tradicional português de que tanto gostamos.
Tabela de Conteúdo
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O que ver em Coimbra apenas num dia
Coimbra é a cidade perfeita para fazer uma escapadela de fim-de-semana. O clima costuma ser agradável, o que ajuda a ter uma melhor percepção da cidade.
Para conhecer Coimbra tem que ir com a mesma mentalidade de visitar Porto ou Lisboa. Quer dizer, mentalizado que é preciso caminhar um pouco, pois há algumas encostas e ruas a percorrer. Não é por acaso que uma das ruas no centro histórico se chama rua do quebra-costas…
Universidade de Coimbra
Numa lista dos locais a visitar em Coimbra, é obrigatório começar pela Universidade, declarada Património da Humanidade.
Foi fundada em 1290 e é a mais antiga de Portugal. O pátio imponente dominado pela torre sineira e com excelentes vistas panorâmicas sobre o rio Mondego é a sua imagem de marca.
Mas se há uma visita obrigatória quando se vai à universidade de Coimbra, é a Biblioteca Joanina. Aproveite para apreciar as pinturas nos tectos e as estantes repletas de livro muito antigos.
Eventualmente poderá deparar-se com alguns morcegos, talvez desagradáveis para muitas pessoas, mas que ajudam muito na conservação da biblioteca que possui mais de 60.000 livros.
Para visitar a Universidade de Coimbra existem bilhetes combinados com os museus do campus. Quem quiser subir na torre (o que não é muito recomendado devido à sua baixa altura) deve pagar dois euros à parte. Numa viagem de pouco mais de um dia em Coimbra esta opção é a melhor para conhecer as origens da cidade.
Jardim Botânico
O Jardim Botânico de Coimbra é muito mais do que o pulmão verde da cidade. É um pedaço de floresta de 13,5 hectares magistralmente inserido na cidade e com vários patamares. A entrada principal situa-se junto ao Aqueduto de São Sebastião e é o local ideal para encerrar um dia em Coimbra – para finalizar tem de abandonar o passeio junto ao rio. A entrada é gratuita e pertence à Universidade. É preciso estar muito atento à sua programação, pois de outubro a abril fecha às 17h30 e no resto do ano fecha às 20h00.
O acervo de espécies tropicais, narcisos, coníferas e plantas ornamentais, entre tantas outras espécies, fazem dele um espaço que se conecta diretamente com a mais pura natureza. Está decorada com fontes e amplos passeios e possui um parque de aventuras para que os mais pequenos possam deslizar em várias tirolesas.
Sé Velha e Sé Nova
Percorrendo as ruas decadentes da velha cidade de Coimbra, surge inevitavelmente aquela maravilha românica que é a Sé Velha. É a única catedral deste estilo da época da reconquista que ainda existe em Portugal. Só isso já vale a pena uma visita, já que o preço de entrada é de apenas 2,50 euros.
A sobriedade que distingue o românico é deixada de lado nesta construção onde a talha dos seus capitéis nos deixa fascinados. Destacam-se também o claustro e a porta da fachada norte, muito mais marcantes do que a da face principal. Chama-se Porta Especiosa e é de estilo renascentista.
No claustro, em estilo gótico, chamam a atenção as rosáceas. Não há duas iguais.
Por sua vez, a Sé Nova tem menos interesse, embora se destaque pela sua fachada barroca e maneirista. Pode ser visitada depois de visitar a Universidade de Coimbra, pois fica localizada mesmo ao lado desta.
Mosteiro de Santa Clara-a-Nova
Talvez seja o único ponto da cidade onde é aconselhável ir de carro, já que fica um pouco afastado do centro da cidade e, como se não bastasse, no alto de um monte.
Construído em 1649, destaca-se o retábulo da igreja barroca onde se encontra o túmulo da rainha Santa Isabel. A rainha Santa Isabel esteve ao lado do rei D. Dinis que governou o país português durante 43 anos. As suas origens explicam a existência sob o altar-mor de um escudo que une as coroas de Portugal e Aragão.
A entrada do Mosteiro de Santa Clara-a-nova custa 2 euros e com ela pode visitar o claustro barroco, onde o visitante sente ao mesmo tempo admiração e tristeza. Admiração pelo seu tamanho e espetacular natureza e pena pelo seu péssimo estado de conservação. Neste local é urgente uma restauração rápida porque a sensação de abandono e deterioração é enorme.
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
Tal como Coimbra tem uma catedral antiga e uma nova, com o Mosteiro de Santa Clara é exactamente igual. O velho também fica situado perto das margens do rio Mondego e junto ao parque do Portugal dos Pequenitos.
A Rainha Santa Isabel também desempenha um papel fundamental neste convento, visto que foi ela quem mandou construir em 1314.
Devido à sua proximidade com o rio Mondego, as cheias contínuas marcaram a sua existência, o que obrigou à construção do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova na área mais alta desta parte da cidade.
O antigo convento caiu no esquecimento e ficou em ruínas, mas hoje foi recuperado na medida do possível e pode ser visitado.
Portugal dos Pequenitos
Embora, juntamente com a Universidade, seja um dos locais mais recorrentes quando falamos sobre o que ver em Coimbra, a verdade é que este parque tem vindo a perder peso com o tempo.
Num mundo de grandes parques de diversão onde a diversão está associada a um ecrã de todas as dimensões, o Portugal dos Pequenitos tem permanecido um reduto do que outrora deslumbrava os mais pequenos. Ainda assim, quem se desloca a Coimbra com crianças pequenas deve contemplar a visita a um local onde estão expostas réplicas em miniatura dos edifícios mais significativos da região de Coimbra, de Portugal e outros monumentos dos países de língua oficial portuguesa.
As crianças até aos 2 anos têm entrada gratuita, as dos 2 aos 13 anos pagam 5,95 euros e o resto das pessoas 9,50 euros.
Mosteiro de Santa Cruz
A rua comercial mais movimentada e movimentada de Coimbra, a rua Ferreira Borges, dá acesso à Praça 8 de Maio onde se destaca o mosteiro de Santa Cruz, um templo cuja fachada é uma verdadeira joia.
É um dos monumentos mais marcantes da cidade e no seu interior poderá observar algumas representações dos típicos azulejos portugueses.
Atrás do mosteiro, e a caminho do Mercado Municipal D. Pedro V, vale a pena parar no Jardim da Manga, uma grande fonte que simboliza os rios do paraíso e que fazia parte de um dos três claustros do próprio mosteiro.
Junto à chamada igreja de Santa Cruz encontra-se o café com o mesmo nome. Remonta a 1923 e lembra-nos o elegante Café Majestic do Porto. A história do local é emocionante porque, antes de seu uso atual, serviu de posto de polícia, corpo de bombeiros, loja de ferragens, casa funerária e até igreja.
Aqueduto de São Sebastião
Junto à entrada do Parque Botânico de Coimbra encontram-se os vestígios do Aqueduto de São Sebastião, também conhecido como Arcos do Jardim.
Foi mandado construir no século XVI pelo rei D. Sebastião e aproveitou o traçado de um aqueduto romano.
Servia para transportar água para a Alta da cidade, na zona onde se encontra a Universidade.
Mercado Municipal D. Pedro V
Há alguns anos era impensável ver um turista no mercado de uma cidade. Porém, nos últimos tempos muitos deles se tornaram atrações onde você pode sentir a realidade do lugar em questão, interagir com os locais e ainda comprar produtos locais para saborear.
Em Coimbra, o mercado mais conhecido tem o nome de D. Pedro V. Arquitetonicamente carece de interesse, mas vale a pena passar alguns minutos lá dentro para ver a sua cor e ambiente. Para além disso, serve como ponto de passagem para a ligação da Praça 8 de Maio com a parte alta da cidade.
Rua Ferreira Borges
Lisboa tem a Rua Augusta, o Porto a rua de Santa Caterina e Coimbra tem a rua com o nome do economista e político português José Ferreira Borges.
Todas estas ruas têm a típica calçada portuguesa, que os calceteiros fazem como autênticos artistas.
A Rua Ferreira Borges está repleta de pequenas lojas e pastelarias e é um bom termómetro para medir a vitalidade da cidade. Nele costumam ver-se as tunas académicas que interpretam canções enquanto executam autênticos malabarismos.
Fado de Coimbra
Intimamente ligado às tunas está o fado de Coimbra. Com um estilo diferente de Lisboa, é uma variante mais solene e sóbria que, ao contrário da que se costuma ouvir em Lisboa, é cantada exclusivamente por homens. Todos eles o interpretam em traje académico, com calças pretas, batina e capa. Dois bons locais para ouvir o fado de Coimbra são o Fado ao Centro (rua do Quebra Costas, 7) e o À Capella (Pátio Vitória, 53). Este último é um centro cultural localizado numa capela do século XIV onde existia uma sinagoga medieval.
Ponte de Pedro e Inês
Apesar de falarmos de Pedro e Inês por último da nossa lista sobre o que ver em Coimbra, não queremos perder a ponte que leva o seu nome. É uma passagem pedonal com uma decoração muito colorida que atravessa o rio Mondego. Existem dois motivos que o convidam a percorrê-la. A primeira, as vistas espectaculares sobre a silhueta de Coimbra. Atravessamos ao pôr do sol e a sensação foi fascinante.
E em segundo lugar porque, nesta zona do rio Mondego, existem vastas zonas verdes para percorrer e realizar todo o tipo de actividades, tanto aquáticas (patinagem, paddle surf, remo, barcos) como em terra. É conhecido por Parque Verde do Mondego, que também possui uma zona balnear para dar um mergulho no rio durante os meses mais quentes.
Quinta das Lágrimas
Mais do que o seu interesse natural (nada a ver com o Jardim Botânico de Coimbra), a Quinta das Lágrimas destaca-se pela história que guarda. Se Verona tem Romeu e Julieta, em Coimbra, e por todo o Portugal, o drama romântico por excelência é o protagonizado pelo infante, e posterior rei D. Pedro I e Inês de Castro. Esta história move-se entre a lenda e a realidade que começa quando o menino, filho do rei Afonso IV, se apaixona perdidamente pela jovem Inês, companheira da sua esposa. Obviamente que a relação não era bem vista, mas o casal passou longas tardes de amor nos jardins da Quinta das Lágrimas.
O rei D.Afonso IV, pressionado pela justiça que não tolerou a relação, tendo ordenado o assassinato de Inês. Em vingança, D. Pedro liderou uma rebelião contra o pai até que conseguiu tomar o trono de Portugal e punir com a morte os assassinos da sua amada. Como último gesto daquele amor lendário, o já rei D. Pedro I de Portugal concedeu a Inês o reconhecimento de rainha de Portugal e mandou construir para ela um túmulo no Mosteiro de Alcobaça.