Quando preparamos uma viagem a alguma região ou lugar interessante tentamos organizar tudo de forma a não perder nada. Por essa razão, acontece frequentemente seguirmos os roteiros mais conhecidos, o que nos impede frequentemente de descobrir por nós mesmos os segredos desses lugares. Mas também seria uma pena que aldeias tão pitorescas como é o caso de Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova não fossem conhecidas. Imagine-se que ninguém dava a conhecer Sortelha, Marialva ou Monsanto. Era não só uma pena, mas um enorme desperdício do nosso património, histórico, cultural e turístico. Tudo isto porque hoje vamos falar de Monsanto, também conhecida como a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, um lugar que merece a pensa descobrir.
Monsanto
Monsanto eleva-se sobre a encosta de um monte escarpado, o Monte Santo, e alcança uma altura de quase 1000 metros. A beleza e monumentalidade deste lugar reside no facto de ter sido construído sobre a própria colina, um lugar protegido por rochas graníticas e onde se poderia pensar ser quase impossível erguer um núcleo urbano.
A aldeia estende-se sobre a encosta numa sucessão interminável de casas. Aventurar-nos pela aldeia é perder-nos num emaranhado de ruas estreitas. Uma bela paisagem de rochas e árvores rodeia a aldeia e a Igreja Matriz, com fachada do século XVIII e cuja construção data do século XV. O seu interior é realmente encantador, com um retábulo trabalhado em telha dourada que chama a atenção a qualquer um. Continuamos pela rua da Capela, onde se situa a Antiga Adega e um pouco mais à frente, a Pousada de Monsanto, de onde seguimos até ao Largo do Pelourinho. Também chamado de Largo da Misericórdia, é lá que se encontra a Antiga Capela do Socorro e o Pelourinho. Despido de elementos muito elaborados, o pelourinho de Monsanto foi mandado construir por D. Manuel I em 1510. Próximo encontra-se a Igreja da Misericórdia. Com características essencialmente românicas, esta igreja já sofreu algumas remodelações.
As melhores vistas da aldeia ficam no cimo da Torre do Relógio ou de Lucano. Dali descemos pela estreita rua do Relógio até chegar até à Capela de Santo António, do século XVI. Daqui, voltamos atrás e entramos à direita na Rua de Santo António. Quando, à direita, surge a Rua da Barreira Quebrada, seguimos na direcção dos alpendres e de uma cruz do calvário. Subimos até à Fonte do Ferreiro onde um pequeno azulejo afirma que “A água desta nascente matou a sede a obscuros heróis”.
Subimos agora opor mais uma das ruas inclinadas da aldeia, deixando para trás uma gruta e, junto do Forno Comunitário, encontramos um miradouro natural da campina e do casario de Monsanto que se estende pela encosta, com vista aberta para os campos e de onde podemos contemplar a paisagem. Dali dirigimo-nos ao Castelo. O Castelo tem duas portas, a Porta da Traição e a Porta Principal. O Castelo, tal como o resto da povoação, eleva-se sobre os rochedos. Dentro do Castelo visitamos a Igreja de Santa Maria do Castelo, onde se celebra no mês de Maio a Festa da Santa Cruz. Esta é uma festa com origens pagãs, em memória do cerco castelhano a que a povoação resistiu. Consta que a população conseguiu enganar o invasor fazendo rolar encosta abaixo uma vitela recheada de trigo, que o fez levantar o cerco por pensar que existiriam víveres em abundância. Nesta festa, as mulheres de Monsanto levam para a igreja as populares marafonas, ou bonecas de Monsanto (bonecas de trapos), juntamente com jarras de barro cheias de flores que depois são deitadas pelas muralhas do Castelo.
Fora dos muros do Castelo ficam as Capelas de São João e de São Miguel. Esta última é um edifício românico do século XII. Descemos novamente a Monsanto através do Largo do Pelourinho, passando pela Torre e pelo posto de Turismo. Daqui apenas nos resta ver o Largo da Cruz, com a bela casa senhorial da família Pinheiro, do século XVIII, e a Fonte Nova no meio do largo. Um pouco mais adiante fica a Capela do Espírito Santo, de estilo renascentista do século XVI, com um pequeno campanário sobre o arco de São Sebastião.
Em resumo, Monsanto é um lugar maravilhoso que qualquer viajante que se preze deve visitar. É um lugar mágico, de paisagens sombrias mas espectaculares. As vistas da aldeia são maravilhosas porque a sua localização é realmente deslumbrante. Passear pelas ruas estreitas de Monsanto é uma experiência e tanto, permitindo-nos descobrir como é viver com o silêncio e a tranquilidade num lugar assim.
Como ouvi dizer: “Ir é o melhor remédio”. Vá também conhecer Monsanto. Seguramente que não se irá arrepender.