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Da Estrela ao Açor, pelo interior de Portugal

Portugal é um país com uma oferta turística incrível que se estende de norte a sul do país e dá nova vida a praias, lagos e aldeias e que projecta a tradição e a modernidade, a história e o dinamismo do presente, numa experiência geralmente muito boa para qualquer visitante. Ainda assim, sentimos que por vezes algumas zonas no interior do país são menos divulgadas apesar da oferta turística existir na mesma e ser de extrema qualidade, como acontece na Serra da Estrela e zonas envolventes.
Assim, porque não passar um dia pelos caminhos do interior do país? Foi o que fizemos e fomos por entre montanhas esculpidas por milhares de anos de fenómenos da natureza e encontrámos algumas das aldeias e locais mais bonitos do nosso país, mas acima de tudo, locais onde as tradições permanecem bem vivas e são visíveis nas pequenas ruas e na vida diária de quem lá vive.
O percurso que fizemos ocupou-nos um dia completo e mais de 400 Km de distância, mas como vos mostramos a seguir, valeu cada bocadinho!
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Serra da Estrela / Torre

Este local tão bem conhecido da maioria dos portugueses dispensa apresentações muito elaboradas. Com a maior altitude de Portugal Continental (1993 metros), a Serra da Estrela constitui um dos maiores maciços montanhosos de Portugal e grande parte da sua área está incluída no parque natural da serra da estrela, constituindo assim uma zona de paisagem protegida.
Há medida que vamos subindo a partir da Covilhã é cada vez mais notável a imponência da Serra da Estrela. Inicialmente o caminho é feito por entre uma vegetação relativamente densa e característica de zonas montanhosas, com abetos de grande dimensão e muitos pinheiros, no entanto, a altitudes mais elevadas o cenário muda drasticamente para uma paisagem mais rochosa e despida de grande vegetação. Aqui aconselhamos que parem nas escapatórias da estrada e apreciem a paisagem de várias direcções. Vale totalmente a pena!
A subida até ao ponto mais alto não é muito longa e num instante tínhamos perante nós o ponto mais alto da Serra da Estrela, com a torre a completar a altura até aos 2000 metros. Certamente que a experiência que tivemos, por ser feita no período de Verão é bem diferente daquela que a serra oferece no inverno, mas nem por isso é menos deslumbrante.
A partir da torre partem vário trilhos que permitem atingir alguns bancos de rocha salientes e que oferecem as melhores vistas de toda a Serra. Não estranhem se tiverem de passar por entre várias cabras que se encontram a pastar por ali porque grande parte destes trilhos são usados por pastores e seus rebanhos.
lagoa comprida

Lagoa comprida

Assim que deixamos a torre para trás inicia-se uma descida relativamente suave por entre encostas verdes e povoadas de grandes rochas que mais parecem querer sair do seu lugar. A nossa próxima paragem situa-se ainda a uma altura de 1600 metros e escavada numa das encostas da serra, falamos da Lagoa Comprida.
Este lago artificial originou-se com a construção da barragem com o mesmo nome ainda em 1912. A barragem foi renovada já no fim do século passado e hoje em dia este é um dos maiores lagos artificiais da serra e oferece um cenário altamente pacífico que convida a que nos sentemos numa das rochas das suas margens e paremos um pouco, mais que não seja para nos perdermos simplesmente nos sons da serra e da água com o seu som constante e relaxante.
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Seia

A nossa passagem pela cidade de Seia foi curta, não porque seja desinteressante (Que não é totalmente! É uma cidade muito bonita) mas porque foi apenas o nosso ponto de paragem para almoço, e não podíamos ter escolhido melhor local para provar as iguarias gastronómicas da Serra da Estrela.
O restaurante por nós escolhido foi “O Borges” e aqui desde já vos dizemos que toda a refeição, desde o famoso pão de Seia, passando pelo borrego serrano e pelo vinho da região, estava óptima e levou-nos a viajar mesmo estando confortavelmente sentados e com vista privilegiada para um dos jardins da cidade.
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Piodão

O percurso desde que saímos de Seia torna-se bastante mais sinuoso e por entre vales escavados nos montes e pequenas aldeias com o seu ritmo próprio vamos caminhando para terrenos cada vez mais acidentados. Já nos limites da Serra do Açor e bem na rota das aldeias históricas de Portugal encontramos aquela que é também chamada de aldeia presépio de Portugal, falamos pois claro de Piodão.
A famosa aldeia de Xisto que tanto teimou em não aparecer surge então acomodada numa encosta íngreme, como se fosse parte da montanha, numa imagem digna de postal e que nos leva àquelas histórias que ouvíamos quando éramos pequenos ou a um qualquer filme de natal, mesmo no Verão!
Assim que chegamos à praça principal da aldeia a igreja contrastante em tons de branco e azul chama-nos a entrar. Na realidade o seu interior é de uma riqueza que merece visita e os habitantes locais asseguram a sua conservação, fazendo com que apesar de ter um interior maioritariamente de madeira, se encontre em perfeito estado.
Começamos então a subida pelas ruas de pedra da aldeia, sempre rodeados de casas de xisto bem conservadas (É mesmo incrível o esforço de conservação feito na maioria das habitações, nunca esquecendo a imagem patrimonial da aldeia). Não é fácil manterem um percurso definido pois a cada cruzamento encontram outras pequenas ruas que convidam a explorar e a que se percam, mas a maior certeza é que mesmo que isso aconteça estarão sempre rodeados de uma beleza ímpar.
Não se esqueçam de visitar a zona da praia fluvial de Piodão, um recanto de lazer extremamente bem cuidado e que foi galardoado com bandeira azul.
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Mata da Margaraça

Infelizmente, uma parte significativa da Serra do Açor encontra-se ardida e esta zona do percurso foi bastante penosa por vermos tanta natureza destruída e sem sequer existir qualquer plano de reflorestação. No meio da área queimada permanece um dos tesouros mais bem guardados da serra do Açor, a Mata da Margaraça.
Uma das maiores florestas de espécies autóctones em Portugal, foi daqui que saiu muita da madeira para construir a sé de Coimbra, estando hoje a cargo do Instituto de Conservação da Natureza. Na realidade, entrar nesta mata é como entrar num postal e à medida que vamos percorrendo a estrada em paralelos vamo-nos embrenhando pelas dezenas de tons de verde de carvalhos, castanheiros e outras caducifólias. Se o Outono tiver uma imagem de marca é aqui que a vão encontrar.

Fraga da Pena

A última paragem do nosso percurso aconteceu já no extremo oeste da Serra do Açor, num local de extrema beleza natural que milagrosamente também escapou às chamas. Por entre rochas escarpadas e bem no meio de muita vegetação, a água escavou ao longo de milhares de anos um cenário paradisíaco, um verdadeiro encontro com o que de melhor a natureza nos pode oferecer.
A queda de água da Fraga da Pena oferece um óptimo local para dar um mergulho, longe de confusões e numa comunhão quase perfeita com o ambiente. O espaço possui também mesas que permitem que se passe um dia em família ou com amigos no local. Sem qualquer dúvida um ponto em qualquer roteiro pela região e um convite a uma tarde bem passada, seja no Verão ou até mesmo no Inverno.
O sol já se punha e terminámos o dia com uma passagem rápida por Coimbra, pela magnífica cidade dos estudantes. O dia foi fantástico, passámos por 3 distritos diferentes, por caminhos centenários, conhecemos tradições, falámos com pessoas e recebemos o melhor que a natureza nos pode oferecer. Esta foi sem qualquer dúvida mais uma prova de que Portugal é um país de boas surpresas, de lés a lés.
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