A uma distância de 360 km de Paris, o monte Saint Michel ergue-se numa ilhota de características rochosas, banhado pela foz do rio Couesnon. Alberga uma das mais incríveis fortalezas medievais que protegem uma pequena vila com uma abadia gótica encarrapitada nesta maravilha construída pelo Homem.
Este local embevece e admira todos os seus visitantes não só pelas curiosas construções como pelas particularidades que a costa francesa apresenta nesta região. Considerado o lugar do mundo onde há um maior desnivelamento entre maré cheia e maré baixa (podendo a diferença chegar a uns incríveis 15 metros), Saint Michel recebe-nos por entre um cenário desconcertante que depende apenas das marés. Um verdadeiro e fascinante choque visual conseguido através das forças da natureza.
Considerado Património Mundial à três décadas, não é de espantar que as estatísticas apontem esta cidade como a atracção mais visitada em França após a capital.
Nota: Consulte sempre o site oficial da cidade que o informa, diariamente, dos horários das marés.
O seu património arquitectónico resistiu a distintos ataques ao longo de 1300 anos e hoje apresenta-se como uma das comunidades medievais melhor preservadas da Europa. A sua visita é gratuita e ao passarmos a Porta do Rei começamos a sentir uma aura mística de outros tempos a invadir-nos o espírito. Segue-se a Grande Rua, a rua principal do monte, destacando-se pelas suas casas e lojas típicas do século XV e XVI. O frenesim dos turistas é inevitável, espantados com esta oportunidade de observar de perto um verdadeiro labirinto de ruas, salões, passagens, escadarias, câmaras escuras, esculturas e outros deliciosos detalhes. Aproveite e prove as especialidades locais: crepes de incontáveis sabores e omeletes com um recheio único de claras. Inacreditavelmente existem tantos vendedores de crepes nesta rua quanto o número de lojinhas de recordações. Nesta rua encontramos também a pequena igreja Saint Pierre, o santo dos pescadores, famosa pela sua escultura em que o santo aparece a matar um dragão.
A subida pela Grande Degré é ingreme e desanimadora com os seus inúmeros degraus mas o que encontramos ao chegar faz valer a pena o esforço dedicado. É aqui, no cimo do monte, que se encontra a famosa abadia mandada construir pelo bispo Avranches após uma aparição do arcanjo São Miguel, cujo nome originou depois o nome do monte.
Preservado da melhor maneira possível, podemos observar a sala de refeições com espantosos vitrais com motivos geométricos, onde os monges ouviam orações enquanto comiam; os claustros, o jardim de plantas medicinais, a sala para hóspedes impregnada de lareiras para satisfazer os seus visitantes (na sua maioria príncipes e princesas), a cripta e a prisão. O seu conjunto ficou conhecido como “A Maravilha” dado o seu requinte arquitetónico.
O ar que se respira evoca o silencio, a paz e a meditação, um lugar que, certamente, não o irá deixar indiferente.