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Sentir o Douro

douroDa Régua a Barca d’Alva, o olhar perde-se com os encantos da mais antiga Região Demarcada e Regulamentada do mundo. De comboio ou de barco, o Douro invade os sentidos. O sol espelhado no rio. A luz dourada, as vinhas…
Visto da velha ponte da cidade da Régua, o Douro parece escorrer através de um quadro paralisado no tempo. Mas dinâmico, como as águas que fluem. Ali junto à marginal da Régua e para início de viagem, uma visita ao Museu do Douro ajuda a situar o visitante. É o primeiro museu de território em Portugal, estendendo-se a toda uma região: as vinhas, a história da primeira Região Demarcada do Mundo, as narrativas, os dilemas humanos.
Ali ao lado, apanhamos o comboio.
Primeira paragem: Ferrão. Uma visita à Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo faz reviver experiências ancestrais. A gastronomia, os vinhos, a tranquilidade… tudo concentrado num só local. Assim que o olhar se confronta com os socalcos do Douro, os sentidos ficam eriçados. Na primavera, a imagem das vinhas verdes deixa-nos sem palavras. No outono, os vinhedos cobrem-se de cores de fogo… vermelho, laranja, amarelo forte… um incêndio de emoções visuais que transforma todo o vale.
Continuemos a viagem até ao Pinhão. Aqui, a velha linha do Douro encontra uma das mais belas estações tradicionais portuguesas. A sua fachada, coberta de azulejos pintados à mão é, por si, motivo para uma paragem obrigatória.
Continuemos em direção a oriente… sempre com o Douro como companheiro de viagem. E envolvidos pelo espírito do lugar – os olhos, de novo perdidos com o poder da paisagem. A delicadeza de cada cacho de uvas, de cada folha e de cada flor contrasta com a magnitude do Douro. Socalcos, escarpas, uma imensidão de água.
Pelo caminho, surgem algumas das quintas mais famosas do Douro, Romaneira, Malvedos, Noval, Ventozelo, Vesúvio… aqui nasce o maior embaixador de Portugal, o Vinho do Porto.
Atravessamos muros gigantes de betão, o sinal da modernidade, odes à engenharia portuguesa. Estas barragens domaram as águas e transformaram o outrora tumultuoso Douro em gigantes espelhos de água. Vai um mergulho?!
Continuando a subida, entramos no Douro Superior. A temperatura sobe. Esta é uma das regiões mais áridas e isoladas de Portugal. Mas, é aqui que nascem novos e interessantes projetos que delineiam um Douro cada vez mais internacional. Agora, o Coa e o Douro confluem. Do cimo, o moderníssimo Museu de Arte do Coa preserva ad aeternum as milenares gravuras gravadas na rocha que povoam estes vales raianos.
E por falar em raia, Castela está ao virar da esquina. Crescem castelos e fortalezas, testemunhas de uma violenta história passada, mas que hoje descansam pachorrentamente no cimo de montanhas com vistas deslumbrantes. Chegou ao extremo. Daqui em diante, o Douro partilha o nome e as margens entre duas velhas nações europeias.
Mas o Douro, além de rituais e paisagens estonteantes, é também gastronomia! Os enchidos, as alheiras, os cozidos, os milhos, o pão, o vinho… Por toda a região, os espaços para degustar tais especialidades são variados: o Chaxoila, o Conceitus, o DOC, o Castas e Pratos, o Cais da Villa, o LBV, o Flôr de Sal, o Papaszaide… E porque a alma também se alimenta, o Douro encerra em si uma cultura tradicional ancestral. Anos de isolamento criaram histórias, lendas e influenciaram costumes, tradições e festejos únicos em Portugal. Hoje, o imaginário duriense galga fronteiras e atrai cada vez mais forasteiros. O Carnaval de Lazarim, as festas da amendoeira e da cerejeira em flor, as vindimas ou as romarias de Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego, são motivos mais do que suficientes para reservar na agenda uma escapada ao Douro.
Esta é uma região de esplendor, de beleza extrema e de emoções fortes que merece ser conhecida. Aceita o desafio?!

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