Portugal não é um país pequeno! Não dizemos isto por sermos portugueses mas sim porque de tudo o que vamos visitando neste nosso cantinho, nada é pequeno ou sem interesse. Há sempre costumes centenários a observar, pratos deliciosos para saborear, gentes que têm prazer em receber e contar histórias e paisagens que nos enchem de orgulho e nos fazem pensar como é bom vivermos em Portugal. Desta vez percorremos os caminhos das beiras e pernoitámos junto ao vale do douro.
O interior de Portugal é uma das regiões que mais gostamos, especialmente porque todas as localidades, maiores ou mais pequenas, têm sempre uma forte ligação com a natureza e com a sua história. Escolhemos fazer um percurso no qual só planeámos o ponto de partida e daí fomos seguindo, de mapa na mão, sem destino. Foi assim que vivemos alguns dos melhores momentos que já tivemos em viagem e certamente o por do sol mais bonito a que já assistimos na nossa vida.
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Santa Comba Dão
Perfeitamente enquadrada num pequeno planalto junto ao rio Dão, Santa Comba Dão é uma pequena cidade que nos mostra um cartão de visita perfeito para toda a riqueza patrimonial do distrito de Viseu e de uma forma geral, da Beira Alta. Tendo recebido foral em 1102, esta localidade esteve sempre ligada a grandes momentos históricos, tendo sido crucial no avanço aquando da reconquista cristã e também sendo a base de várias ordens eclesiásticas que ao longo da história influenciaram a história religiosa do país e que deixaram uma marca que ainda hoje é visível para quem visita a cidade.
Ao chegarmos ao centro da cidade salta-nos logo à vista o verde e a importância dada aos pequenos jardins que estando perfeitamente cuidados, tornam toda aquela zona muito agradável para visitar. Deixámos o carro no parque de estacionamento do centro e logo ali nos perdemos a observar os cisnes e patos que povoam um pequeno ribeiro limpo. Nem 5 minutos depois estamos em frente à igreja matriz da cidade, uma igreja bonita e bem cuidada e que convida a que entremos e a que tiremos muitas fotos. Em frente à igreja um parque bem cuidado está em total sintonia com os restantes edifícios.
Conseguimos sentir o peso da história em tudo o que visitámos e para conhecermos as tradições gastronómicas fomos almoçar ao restaurante Cova Funda, bem no centro da cidade. Aqui comemos provavelmente a melhor chanfana de sempre, tudo acompanhado de um bom vinho da beira e de um serviço simples mas simpático e convidativo.
Serra do Caramulo
Continuando a subir as beiras por estrada nacional, optámos por fazer uma passagem pela serra do Caramulo. À medida que o maciço montanhoso e cheio de verde se tornava cada vez mais próximo, era notável que a arquitetura das casas se tornava cada vez mais tradicional e com predominância da pedra como material de construção.
A subida inicia-se e quando damos por nós estamos rodeados de vegetação e flores, com uma vista incrível de serras a perder de vista no horizonte. Rapidamente chegamos à vila do Caramulo, um local que se mantém fiel à sua história e com um ambiente muito interessante, cheio de parques que se dispõem de ambos os lados das estradas de paralelos.
Tentámos visitar algumas das muitas cascatas que a serra nos oferece mas com a época de muito calor estavam todas com pouco caudal. Ainda assim, embrenhámo-nos pelo mato com o objectivo de desfrutar de tudo o que a natureza nos pode oferecer e relaxar enquanto o cheiro selvagem a pinheiro e erva nos percorre as narinas.
São Pedro do Sul
Não podíamos deixar de passar na magnífica estância termal de São Pedro do Sul. Esta vila que se encontra em perfeita comunhão com o rio Vouga e com a natureza é possivelmente um dos locais mais interessantes para quem procura a simbiose perfeita entre relaxamento e natureza sem estar totalmente afastado da civilização. Toda a zona da estância termal está extremamente bem cuidada e projetada para que todos possam tirar o máximo proveito do rio.
Estas que são as termas mais procuradas do país são também extremamente interessantes do ponto de vista histórico. Efetivamente, aqui terá sido construído um balneário no tempo dos romanos, estrutura essa que foi permanecendo ao longo dos séculos, tendo D. Afonso Henriques construído ali um novo balneário. Todas essas estruturas históricas foram sucessivamente renovadas chegando aos nosso dias em perfeito estado de conservação.
Destacamos a originalidade e o esforço de modernização que tem sido feito no sentido de tornar a área ribeirinha mais atrativa. Um desses exemplos é a torneira suspensa situada no meio do rio e que à primeira vista parece estar totalmente a flutuar. Um olhar mais atento revela que está realmente fixa à plataforma no solo, mas ainda assim não deixa de ser uma obra que transpira criatividade. Já no fim da nossa passagem por este local incrível, acabámos a relaxar num dos cafés mais impressionantes que já visitámos em Portugal. Falamos do Bon D’Jau, um local de design vintage onde a mesa de snooker ocupa o centro da sala e onde nos sentimos transportados para um qualquer pub nova Iorquino.
Lamego
A nossa passagem pela magnífica cidade de Lamego foi rápida mas ainda assim adorámos tudo o que visitámos. Assim que chegamos à avenida principal da cidade ficamos rodeados de beleza histórica. No topo temos o famoso santuário de Nossa Senhora dos Remédios, com os seus lanços de escadas decoradas com azulejos magníficos e no topo uma igreja de aspeto rico e arquitetonicamente muito interessante, cheia de trabalhados em pedra.
Subimos lentamente os degraus um a um até que finalmente no topo e com a igreja de Nossa Senhora dos Remédios ali tão perto, olhámos finalmente para as escadas que subimos e lá em baixo tínhamos toda a cidade de Lamego “a nossos pés”. Este foi um momento verdadeiramente incrível pelo que aconselhamos a todos os visitantes da cidade que não deixem de fazer esta subida. Vai exigir muito esforço mas no fim a recompensa é espetacular.
Por fim, não quisemos deixar de passar junto da catedral de Lamego que com todo o seu esplendor nos impressionou bastante. Seguimos pelas ruas do centro histórico da cidade e terminámos o nosso percurso pela cidade junto ao castelo de Lamego. Ficámos cheios de vontade de regressar a esta cidade incrível e com mais algum tempo poder explorar o tanto que ficou por visitar e que esta cidade tão gentilmente oferece.
Onde ficar
Depois de tantos locais fantásticos nas beiras, chegamos finalmente ao vale do Douro. O local por nós escolhido para dormir foi a Quinta de CasalMato, uma quinta de turismo rural perto de Resende e com uma vista fantástica para o rio Douro. Fomos recebidos pela dona, uma senhora já com alguma idade mas que ainda assim faz questão em receber os visitantes, sempre acompanhada da sua pequena cadela brincalhona. O pequeno-almoço é altamente tradicional e cheio de produtos frescos produzidos na quinta e é servido numa única mesa, procurando fomentar as conversas entre hóspedes e partilha de experiências. A dormida custa cerca de 70€ por noite e podemos garantir que vale cada euro! Adorámos a beira alta e o Vale do Douro, mas ficou muito por explorar e vamos voltar certamente.