Qualquer roteiro de viagem pela Polónia deve quase obrigatoriamente passar pelo campo de concentração de Auschwitz – Birkenau. Este não é definitivamente um local turístico ou uma atracção de bandeira, mas é sem qualquer dúvida um sítio que todos devem visitar. O silêncio que impera nos dois locais é sem qualquer dúvida o mote perfeito para que se possa reflectir sobre todas as atrocidades ali cometidas, com a certeza de tudo fazermos para que não se volte a repetir.
Construído em 1940, o campo de concentração de Auschwitz é infelizmente famoso pelas piores atrocidades que a humanidade já sofreu. Apesar de ter sido inicialmente pensado para servir como prisão para os presos políticos polacos e críticos do regime nazi, rapidamente se tornou um local de genocídio judeu e de minorias. Aqui morreram pelas mãos dos nazis mais de 1 milhão de pessoas, incluindo crianças, grávidas e doentes.
A viagem que vos mostramos não é bonita, mas achamos ser importante, especialmente porque viajar é também aprender e desenvolver opiniões e valores.
Como chegar
O complexo de Auschwitz – Birkenau fica situado a aproximadamente 50 Km da cidade de Cracóvia. Assumindo que estão em Cracóvia, as duas principais opções para viajar até este local são o autocarro e o comboio.
De comboio, podem apanhar os comboios regionais entre a estação central de Cracóvia (Kraków Główny) e a estação de Auschwitz (Oswiecim). A viagem demora cerca de 2 horas e o bilhete de ida custa 9 zł. Tenham em atenção que a estação de comboios em Auschwitz não fica junto ao campo, pelo que depois é ainda necessário fazer o resto do trajecto a pé ou apanhando um autocarro local.
Também pode fazer esta viagem de autocarro, a partir do terminal de autocarros de Cracóvia, que fica junto à estação central. A viagem demora 1h45m, é feita essencialmente por auto-estrada e custa cerca de 15zł. A grande vantagem desta opção é o facto do autocarro parar mesmo à entrada do campo.
A visita a Auschwitz e Birkenau
Para visitar o campo de concentração de Auschwitz é necessário fazer reserva de bilhete. As visitas sem guia são gratuitas e estão disponíveis nas primeiras horas da manhã e ao fim da tarde. Podem reservar o bilhete aqui.
As visitas com guia realizam-se em várias línguas ao longo do dia, mas são pagas. Pode optar pela visita livre sem guia e sentir que a experiência foi completa, especialmente porque todo o campo se encontra bem sinalizado e acompanhado de placas com a respectiva descrição.
Uma das primeiras coisas que irá notar ao entrar é o silêncio incrível que se faz sentir no local, apesar de estar tão frequentado por turistas. Quando der por si está em frente ao portão principal do complexo, uma imagem tantas vezes vista em livros.
O campo de Auschwitz é todo ele composto por vários pavilhões idênticos, que antes funcionavam como alas prisionais e como dormitórios, mas que hoje contêm a maior parte da exposição sobre o holocausto naquele local, bem como todo o espólio recuperado aquando da libertação do campo em 1945.
Comece a visita seguindo junto à rede de arame farpado exterior onde ainda permanecem todas as torres de vigia e os sinais negros marcados com caveiras que pretendiam intimidar os prisioneiros do campo. Há medida que avançar para o centro do campo, vai simultaneamente visitando os pavilhões abertos que albergam exposições. O primeiro a visitar recorda a história dos judeus holandeses, dando grande destaque à famosa história de Anne Frank, que ali foi morta junto com grande parte da sua família. Toda a exposição está bem suportada de imagens recuperadas e documentos originais.
Pode visitar também exposições relativas às condições desumanas que eram oferecidas aos prisioneiros, mas de todas as exposições, houve duas que marcam profundamente.
A primeira é relativa às experiências e barbaridades cometidas com crianças e mulheres grávidas, com vários recortes e documentos originais assinados por médicos nazis. Foi claramente um daqueles momentos em que questionamos como é que o ser humano chega a tal ponto.
A segunda, não menos dramática, mostra os bens pessoais retirados aos que chegavam durante os anos de funcionamento do campo. Assim, encontramos uma vitrinas com malas de viagem, óculos, sapatos e até próteses de membro.
Em quase todos os edifícios do complexo existem quadros com uma foto e uma descrição biográfica de homens, mulheres e crianças que ali faleceram e sofreram as maiores atrocidades que conseguimos imaginar. Num olhar mais atento vemos que o que movia os nazis era o ódio puro, independentemente do estrato social, dos estudos, da idade…
Depois de Auschwitz siga para o campo de Birkenau. Para se deslocar de Auschwitz para Birkenau existe um shuttle gratuito que passa a cada 15 minutos entre os dois campos. A viagem é rápida e não dura mais de 10 minutos.
Ao chegar a Birkenau irá imediatamente notar uma grande diferença face a Auschwitz. Aqui tudo foi construído para matar pessoas em massa. Ainda fora do campo irá avistar imediatamente as chaminés dos fornos que povoam uma planície inteira. Percorrendo os carris já abandonados, entra finalmente no campo e o odor intenso a criosote atinge-nos imediatamente.
Quer de um lado, quer de outro, dispõem-se barracões de madeira bem tratados que tinham como função albergar os prisioneiros até que estes fossem para as câmaras de gás.
Infelizmente não tivemos possibilidade de visitar as câmaras de gás porque o campo estava já a fechar, mas o que vimos em Birkenau, associado ao silêncio só interrompido pelo ocasional vento que soprava nas árvores que rodeiam o campo, tocou-nos profundamente.
Esta é uma daquelas visitas para nunca esquecer, mas também para não repetir. Uma visita a este local é obrigatória, duas torna-se uma tortura, sobretudo para quem acreditam que conseguimos sempre ser melhores e ajudar o próximo.