Portugal, apesar da sua dimensão é um país com muito para oferecer e conhecer. Basta visitar Lisboa, Porto, o Algarve ou o Alentejo (apenas para dar alguns exemplos), para ficarmos maravilhados com a paisagem, a história, a cultura e a gastronomia. Hoje quero falar um pouco sobre uma zona por vezes um pouco esquecida: a península de Tróia e as ruínas romanas.
A península de Tróia fica bem próxima de Setúbal, entre Lisboa e o Alentejo. É um lugar muito agradável para fazer praia, ideal para umas férias de verão, mas também para passear durante todo o ano. Aqui a animação está garantida e tem atracções tão díspares como os que dão título a este artigo: passeios de barco onde podemos avistar golfinhos no estuário do rio Sado e ver as ruínas romanas num local que (no seu tempo) foi o maior centro industrial de produção de salga de peixe do Império Romano.
Na zona da Marina de Tróia há imensas empresas que organizam excursões para ver e navegar com os golfinhos, também conhecidos como os roazes corvineiros. Estes formam grupos que costumam viver na zona do estuário do Sado, entre zona da marina e a zona das ruínas romanas. Os guias nas embarcações conhecem-nos bem e conseguem mesmo a distingui-los pela forma das suas barbatanas dorsais.
Quando subimos para o barco começam as explicações sobre o percurso que dura pouco menos de uma hora, período durante o qual podemos observar os golfinhos que vivem em total liberdade (e não são amestrados como os dos parques de atracções). Muitas vezes estes aproximam-se dos barcos para brincar e dar saltos para delírio dos assistentes.
Os barcos não se cruzam à frente dos golfinhos e toda a actividade é feita com todo o respeito pela sua segurança. Com efeito, como é uma viagem que atrai muitos visitantes a esta zona, há um grande cuidado com a segurança dos golfinhos.
Não sei calcular quantos golfinhos será possível ver durante a viagem, mas seriam, sem dúvida, pelo menos vinte ou trinta que formavam vários grupos grandes, muitos dos quais com crias e quase todos da mesma espécie – os roazes corvineiros.
As antigas salinas romanas e as ruínas em Tróia
Como já referimos anteriormente, as ruínas romanas foram o maior centro industrial de produção de salga de peixe do Império Romano.
Aproveite e deixe-se levar pela beleza singular deste lugar que pertence à Rede Natura 2000. Esta paisagem dunar começa junto a uma laguna e prolonga-se ao longo da orla do estuário do Sado. O percurso de visita convida-nos a recuar até ao séc. I d.C. e a conhecer um monumento nacional que sobreviveu mais de 2000 anos, com casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, que identificam a cidadania romana. É impossível ficar indiferente à presença dominante das oficinas e dos seus tanques onde era salgado o peixe e se faziam os emblemáticos molhos de peixe vendidos por todo o Império.
É possível ver estas ruínas nos mesmos barcos que são usados para ver os golfinhos, mas há também uma zona para ver as ruínas por terra. Esta é uma visita complementar que tem o seu interesse histórico e que nos pode ajudar a preencher um dia em que as actividades de praia, -a zona tem muitas praias selvagens- a visita aos golfinhos e a gastronomia podem ser os pontos fortes.
Visitar esta região é um verdadeiro espectáculo para os nossos sentidos e onde podemos desfrutar da natureza no seu estado mais selvagem, sem a invasão turística, nem as cicatrizes urbanísticas que existem em muitos pontos da costa do nosso país.
A zona do estuário do Sado e os arredores têm praias maravilhosas e preços ainda relativamente baratos, tanto a nível de alojamento como nos restaurantes, onde é possível comer bem por menos de 20 euros por pessoa.
Com estas duas atracções, os golfinhos do estuário do Sado e as ruínas romanas de Tróia, bem como a possibilidade de passar alguns dias em pleno ambiente natural (e que se conserva assim por muitos anos), esta região é uma excelente opção para passar umas boas férias.