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As Linhas de Torres Vedras

linhas de torresAs Linhas de Torres Vedras são um monumento à visão, à determinação e à cooperação. Resultam da visão de um homem e do trabalho de um povo. O homem é Arthur Wellesley, Marquês do Douro, mais tarde Duque de Wellington, que percebeu a necessidade de proteger Lisboa do avanço francês. O povo é o povo português, em grande parte responsável pela execução daquilo que Wellesley preconizou. As Linhas são uma obra conjunta e uma obra bem feita.
Em 1809, Portugal corria sérios riscos. A aliança luso-britânica, a única coisa que separava Napoleão da sua ambição de dominar a Europa, estava em perigo. Embora a ocupação de 1808 tivesse sido erradicada pela vitória do futuro Duque de Wellington no Vimeiro, surgiram sinais preocupantes ao longo do ano que constituíam um mau presságio para a viabilidade do compromisso britânico de trabalhar com o exército português com vista a criar uma força suficientemente forte para impedir a próxima e inevitável invasão.
Não se pretendia que as Linhas formassem uma barreira semelhante à Muralha de Adriano, mas sim um conjunto de linhas contínuas estrategicamente orientadas e que apoiavam, ao mesmo tempo, redutos de artilharia de ambos os lados. À sua volta, um conjunto de obstáculos serviria para canalizar o inimigo para posições onde poderia ser atacado.
A mão-de-obra consistia em dois regimentos de milícias portugueses e três a cinco mil trabalhadores civis, cujo talento e energia são ainda hoje evidentes nos redutos de sobrevivência. Também convém recordar a contribuição de dezenas de milhares de pessoas que, por terem tido que abandonar as suas casas nas zonas evacuadas, sofreram terrivelmente para sobreviver ao Inverno de 1809 como refugiados atrás das Linhas.

As Linhas de Torres nos dias de hoje

Desde 1810, as Linhas não voltaram a ser utilizadas para fins militares. Em finais do século XIX desenvolveram-se inúmeros esforços para preservar as Linhas, na eventualidade de serem novamente necessárias.
Dos 142 redutos da Primeira e Segunda Linhas, 111 sobreviveram em diferentes condições, desde simples abatimentos de terreno cobertos por vegetação, a outros totalmente restaurados. Destes, cerca de 60 estão nas mãos de privados. Em 2001, foi assinado um protocolo entre o Director-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais e os seis municípios em cujas áreas se encontram as Linhas de Torres.
A sobrevivência das Linhas é importante, tanto por razões históricas como enquanto símbolo da cooperação entre dois aliados para se defenderem de uma agressão. Para além destes nobres atributos, a paisagem é deslumbrante e encontram-se a dois passos de Lisboa.
Calce então as suas botas e fique a conhecer um dos locais históricos mais importantes de Portugal.
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